sexta-feira, 16 de setembro de 2011

The Elephant Man (O Homem Elefante)

O preto e o branco da obra de David Linx nos retratam a história sofrida de um homem que viveu de dores e sonhos em uma sociedade movida pelas aparências. E esse personagem real nos deu um novo significado à beleza na vida.

Assim que comecei a ver o Homem Elefante sabia que algo de espetacular e especial estava a minha espera. Revolução Industrial, sociedade inglesa do século XIX, John Merrick como uma das atrações do circo dos horrores. Com 21 anos, o Homem Elefante tinha uma vida que ninguém desejaria a ninguém. David Lynch coloca um cenário duro, real e lindo. Se emocionar com o longa é um lugar comum, as cenas fortes, a fotografia linda e a triste história real se misturam em um amontoado de surpresas e de angustias. Isto me faz dizer que esse é um dos melhores filmes que eu já vi. Ao longo da obra, não há como não se apaixonar pelo jovem com o corpo todo deformado e de sensibilidade transbordando nos olhos amedrontados. David fez o encontro do sensível com o horror. Do horror com a beleza. Da beleza com a tristeza. Aos poucos vamos desvendando John, vamos nos afeiçoando por ele e, assim, deixamos as lágrimas escorrerem. Simplesmente um filme incrível, de aprendizado e de se querer o bem. Uma obra que nos deixa reflexões, fantasias e assim se faz ser lembrada. Sim, repito, um dos melhores. E se em cada cena me pergunto como essa historia pode ser real, porque ela é, não saberia explicar tamanha grandiosidade se ela não fosse. O Homem Elefante nos deixa a sensação de que existe algo de singelo em todos os lugares, em cada um de nós e em cada sentimento. Jonh Merrick foi um grande homem, O Homem elefante é um grande filme e com certeza ficará na mente de quem o veja. Uma produção que faz a gente se confrontar com os nossos próprios julgamentos, nossos preconceitos e nos leva para uma viagem pertinho de um mundo interior único, único como cada um é, seres humanos que somos, apenas seres humanos, e incríveis.


O trailer, pra quem é de trailer.

Classificação Indicativa: 16 anos 

domingo, 11 de setembro de 2011

11 de setembro de 1973 - Classificação Indicativa 14 anos

No dia que é lembrando muitos dias antes de sua chegada, trago o curta metragem do diretor britânico Ken Loach.

E não, o tema central não é o 11 de setembro de 2001 dos EUA (que também considero um triste dia na nossa história). Nesse post, o foco é o 11 de setembro de 1973 no Chile. E esse, além de triste e terrível, foi desumano e atingiu trabalhadores e trabalhadoras chilenos em um dia que marcou a trajetória da luta popular no mundo.

Em 1973, o então presidente chileno Salvador Allende Gossen, socialista e eleito pelo voto popular, sofreu um golpe do chefe das forças armadas chilenas, Augusto Pinochet, que, com o apoio do governo americano e financiado pela CIA e pelas transnacionais norte-americanas, instalou o caos em um único dia da história e que vem perpetuando suas dores e tristes lembranças até hoje, 38 anos depois. Anos esses que só tendem a se redobrar, pois um acontecimento assim não é esquecido, a dor é sentida de longe, tanto em tempo como em espaço.

Infelizmente, esse 11 de setembro latino-americano pouco é lembrado, mas Ken Loach o concebeu em uma produção de quase 11 minutos e fez o trágico acontecimento de 1973 ganhar trilha, vozes, depoimentos, cenas e a dor, como ela bem foi difundida nesse dia. Originalmente feito para compor uma mostra de curtas que abordariam o acontecimento do ano de 2001, Ken levanta a trágica e covarde batalha contra a democracia e o povo chileno concretizado anos antes das Torres Gêmeas serem atacadas.

O curta lançado em 2002, ano no qual o 11 de setembro americano faria 1 ano, merece ser difundido e conhecido. Esse acontecimento histórico em forma de produção nos aproxima da luta e da necessidade de se conhecer cada vez mais a história e abrir as portas para causas e lutas justas, populares e que tragam autonomia, dignidade e força para qualquer trabalhador e trabalhadora em qualquer lugar do mundo.

"Eu sempre tenho confiança na inteligencia do povo. Então, se o povo organizado é inteligente, por que deveríamos ter medo de uma organização popular?" - Costureira Chilena em uma das falas do curta.



sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

José e Pilar

Quando li “Ensaio sobre a cegueira”, fiquei imaginando como seria o gênio por trás do sotaque português. Sem dúvida, deveria ser alguém bem interessante de se conhecer e bater um papinho em um fim de tarde.

O documentário “José e Pilar” me mostrou um Saramago do jeitinho que eu pensava: inteligente, engraçado, humano e sensível escritor. De quebra, veio acompanhado de sua mulher e amada, Pilar. Outro ser humano fantástico que tive muito prazer em conhecer. (...)
Placa da Rua Pílar Del Río, que cruza com a Rua José Saramago em Azinhaga, Portugal.

A intensa vida do casal é representada em lindas fotografias, diálogos prazerosos, inteligentes e divertidos. É o dia a dia, são os pensamentos e, principalmente, o amor. Mais de duas horas de filme que nos levam a reflexões e nos desnudam em frente a dois seres sensíveis e fortes. Despertam o choro e o riso, em passagens doces, descontraídas, fortes.
Vemos o trabalho em cima de seus romances, a agenda cheia de eventos e formalidades. A doença maldita, o recuperar esperançoso. A vida que é vivida, mas que sabemos, e ele mais do que todos, que tem uma data certa para chegar ao fim. E ai não existe espaço para o medo.
José e Pilar, Pilar e José. A ordem dos nomes não carrega importância. Vemos dois protagonistas. O diretor Miguel Gonçalvez Mendes trouxe à tona a personalidade de ambos, de maneira simples, real. Temos uma produção grandiosa, imagens que ultrapassam a questão da beleza e uma trilha musical agradável e romântica, como ela bem merecia que fosse.
Melhor ainda é descobrir que por trás desse belíssimo filme, existem toques conhecidos e que a gente, então, entende o porquê do resultado final ser tão rico. Fernando Meirelles é um dos grandes nomes os quais posso citar, o restante vocês podem conferir aqui.
Ainda bem que José Saramago e Pilar Del Río ousaram um dia se encontrar. Nos presentearam com romances, inspirações, sonhos...com a vida, na sua mais bela concepção.


Classificação Livre